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Mesmo com os efeitos pacificadores e dissuasivos do processo civilizatório e da lei, que é inerente a ele, a violência permanece latente no íntimo do homem e grassa na sociedade. E tem, sabemos, variadas causas individuais (algumas particularíssimas, patológicas, inclusive) e sociais (inclusive, decorrentes de patologias coletivas). A toda hora, aqui e ali, explodem manifestações contundentes dessa, às vezes enrustida, violência.
Ora são atiradores que invadem escolas, universidades, shoppings, cinemas e fazem de crianças e cidadãos despreocupados alvos indefesos; ora são jovens delinquentes de classe média e alta, que resolvem se "divertir", queimando ou agredindo integrantes de grupos sociais minoritários ou desprivilegiados social e economicamente. Algumas vezes, são marginais covardes, que atacam em bando e matam por um boné, um celular ou meia dúzia de reais; outras, são abomináveis fundamentalistas e perigosíssimos fanáticos, com motivação político-ideológica extremista.
E, claro, há, ainda, a violência organizadamente planejada de gangues e quadrilhas e a violência institucional praticada por órgãos e agentes estatais, aí incluídos também os Estados ditos democráticos, e por países, orientados pelos mais variados matizes políticos, que não hesitam, na defesa de seus privilégios comerciais e de seus interesses econômicos, em agredir e vilipendiar nações mais fracas sob o ponto de vista econômico e militar.
Sejam quais forem as causas e a motivação desses múltiplos e continuados atos atentatórios aos mínimos princípios da civilidade, e sejam eles praticados na distante, rica e civilizada Noruega, nas cercanias do estádio do SCI em Porto Alegre, aqui, em nossa cidade, na portaria de um edifício de classe média ou na Nova Santa Marta, ou em uma favela carioca, o fato é que, cada vez mais, ficamos perplexos, estarrecidos e nos sentimos impotentes ante a banalização da violência e a flagrante incapacidade de a sociedade civilmente organizada, colocar cobro a esse dolorido e infindável estado de coisas.
Se olharmos para nossa condição de país em desenvolvimento ou para a realidade terceiro-mundista, veremos que, muitas vezes, por falta de escola, de educação, de trabalho, por falta de alternativas de vivências adequadamente socializadas e de perspectivas de futuro se têm alguns tipos específicos de violência. Outras, isso tudo (escola, educação, trabalho, cultura, lazer, garantia de futuro) é oferecido e surgem outros tipos descontrolados de manifestação da agressividade humana.
É, meus amigos, acho que a violência realmente faz parte da natureza - ainda grosseira, imperfeita - do homem. Muita pedra bruta precisará ser polida para que avancemos e vençamos esse estágio de primarismo espiritual.